Artigo original: "Relação entre habito alimentar e síndrome do espectro autista"
Autora: Nádia Isaac da Silva
Revista de publicação: Livraria Digital da USP
Os estudos descreveram uma associação do autismo com
diversas anormalidades fisiológicas entre elas, distúrbios relacionados ao metabolismo
proteico.
A teoria do excesso de peptídeos opióides afirma que o
consumo de glúten e caseína pode intensificar os comportamentos típicos da
síndrome do espectro autista.
Outra hipótese é de que distúrbios do metabolismo da
creatina também estão integrados à doença.
Os objetivos desse estudo foram: avaliar a variedade e a
frequência de alimentos consumidos por autistas, bem como a adequação desse consumo;
avaliar as alterações do metabolismo da creatina; desenvolver testes
preliminares para determinar as condições mais adequadas para a identificação e
possível quantificação dos peptídeos opioides derivados do glúten e da caseína
por HPLC.
Para atingir esses objetivos foi elaborada uma anamnese
nutricional, contendo questões sobre características das famílias dos autistas
participantes, histórico pessoal de doenças, comportamento autista durante as
refeições, e levantamento de hábito alimentar.
Segundo o método de avaliação CARS 64% dos autistas são
casos graves. Em média 60,71% dos autistas apresentam sintomas gástricos, sendo
o mais frequente a flatulência (39,90%). O registro sobre comportamento
alimentar identificou que 50% dos autistas expressam o comportamento de comerem
muito rápido e 46,43% consomem porções exageradas de alimentos.
Esse fato influência diretamente o hábito alimentar. A
avaliação de adequação de consumo de nutrientes revelou que 57,14% têm o
consumo de energia superior ao recomendado e baixo consumo de fibras, ácido
ascórbico e cálcio.
As análises de concentração de creatinina revelaram que os valores
são significativamente inferiores em crianças autistas e do grupo controle
formado por parentes distantes e que são similares quando comparado com grupo
formado por seus pais.
O resultado da análise da concentração da creatinina
evidencia possível relação entre metabolismo da creatina e fatores genéticos,
possibilitando a ligação com sintomas do autismo.
Vale ressaltar que, entre as limitações dessa pesquisa,
destaca-se a pequenez do grupo analisado. Para conclusões mais efetivas, o
estudo deve ser repetido em outros países com pessoas de diferentes classes socioeconômicas.