Autistas se apaixonam?

 

Artigo original: Differences in Romantic RelationshipExperiences for Individuals with an Autism Spectrum Disorder

Autores: Grace Hancock, Mark A. Stokes, Gary Mesibov

Revista de publicação: SpringerLink


Indivíduos com transtorno do espectro do autismo (ASD) experimentam dificuldades variadas em seu cotidiano e desenvolvimento, e isso inclui os relacionamentos românticos.

Essa pesquisa sugere que, em comparação com indivíduos neurotípicos, os autistas têm um nível semelhante de interesse romântico, mas menos sucesso no relacionamento e menor satisfação com conexões românticas.

O estudo explorou a experiência de um relacionamento positivo e como ela pode ser diferente para indivíduos autistas.

Foram recrutadas 459 pessoas, das quais 232 eram autistas e 64% do sexo feminino. A pesquisa foi guiada pelo método de amostragem pela Internet e questionários online, como o Sexual Behavior Scale (“Escala de comportamento Sexual”) .

Notou-se que indivíduos com TEA relataram um nível semelhante de interesse em relacionamentos em comparação aos neurotípicos, mas relataram menos oportunidades de encontrar novos parceiros, tiveram relacionamentos mais curtos e maior ansiedade de encontrar um parceiro em potencial. Além disso, os pacientes autistas relataram aprender menos sobre sexualidade.

Foi relatado que a qualidade dos relacionamentos para os neurotípicos se relacionava às dificuldades comuns de relacionamentos, já os autistas afirmavam que as dificuldades do autismo eram também um entrave para o alcance de uma boa qualidade de relacionamento.

 

 

 

Níveis do Autismo I, II, III

 


Você sabe o que é DSM?

Essa sigla significa “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais”, e esse “manual” teve sua 5ª edição lançada em 2013, e sofreu atualizações em relação ao Transtorno do Espectro Autista.

Essa edição combinou os seguintes diagnósticos em apenas um: Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Transtorno Autista,

Síndrome de Asperger,

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento,

Transtorno Desintegrativo da infância,

 

Muitos médicos e profissionais ainda utilizam das nomenclaturas antigas para facilitar a compreensão do público sobre as subdivisões do Espectro Autista. (Por exemplo, se referir ao autismo nível I como Síndrome de Asperger)

No entanto, de acordo com o DSM-5, a subdivisão do Espectro Autista em níveis I, II e III é a ideal. Essas subclassificações são importantes para facilitar a compreensão e o diagnóstico do espectro autista.

Vamos agora citar brevemente as principais características das subdivisões do TEA I, II e III:

 

Autismo Nível 1- Autismo “leve”

-apresenta os sintomas característicos do autismo de forma pouco intensa

-requer ajuda mínima para a realização das atividades cotidianas

-dificuldades em situações sociais

-dificuldade em cultivar amizades e conversas longas

-desconforto frente a mudanças

 

Autismo Nível 2- Autismo Moderado

-apresenta sintomas de intensidade intermediária

-requer ajuda para a realização de atividades cotidianas

-pode ter dificuldade na comunicação pela fala ou não se comunicar verbalmente

-“fixação” em tópicos específicos

-dificuldade de contato visual

-dificuldade na leitura e demonstração de expressões faciais e/ou entonação de voz

-desconforto frente a mudanças

 

Nível 3 — Autismo severo

-apresenta os sintomas do autismo de forma intensa

-requer ajuda para a realização da maioria das atividades cotidianas

-comportamentos restritos e repetitivos

-comunicação majoritariamente não verbal

-excessivamente ou pouco sensíveis a estímulos sensoriais

-desconforto frente a eventos inesperados

 

Referências:

Instituto Neurosaber: https://institutoneurosaber.com.br/quais-os-niveis-de-intensidade-no-autismo/

SILVA, Micheline  and  MULICK, James A.. Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e considerações práticas. Psicol. cienc. prof. [online]. 2009, vol.29, n.1 [cited  2020-10-27], pp.116-131.

Carley, Katie. 2019. Patterns and levels of intensity in young children with autism spectrum disorder — In Proceedings: 19th Annual Undergraduate Research and Creative Activity Forum. Wichita, KS: Wichita State University, p. 32.

Autismo na mídia!

 

Artigo original: "5 Creative Geniuses Whose Autism Contributed to Their Success"



TIM BURTON

Ed Wood, Edward Mãos de Tesoura, A Lenda de Sleepy Hollow, Sweeny Todd: O barbeiro demoníaco, Alice através do espelho, A Fantástica Fábrica de Chocolate ... Não podemos contar nas mãos todos os filmes que contaram com a genialidade de Tim Burton.

Esse cineasta, produtor, animador, escritor e roteirista foi diagnosticado durante sua vida adulta com “Sindrome de Asperger” (atualmente categorizada dentro do TEA como autismo nível I ou “leve”), e a busca pelo diagnóstico aconteceu depois que ele assistiu um documentário sobre autismo.

Ele conta que, durante sua infância, seus conhecidos diziam que ele era introvertido e que sempre escolhia atividades “solitárias”, como desenhar e ver filmes, que o levaram a amar o mundo do cinema no qual ele tanto se destaca hoje.

Burton ganhou vários prêmios, dentre eles:

 Daytime Emmy Award de Outstanding Children’s Animated Program;

National Board of Review Award de Melhor Diretor

 

Você já conhecia Tim Burton?

Já assistiu algum filme dele?

Conhece alguém com uma história semelhante com o autismo?

Responde aqui nos comentários!

 

TEMPLE GRANDIN

A Dra. Temple Grandin é autora, palestrante e educadora sobre autismo.

Ela também trabalha como professora e pesquisadora de comportamento animal. Suas descobertas nessa área mudaram a maneira a maneira de criação de gado e influenciaram o desenvolvimento de instrumentos especializados para isso.

Ela escreveu o livro “The Autistic Brain: Thinking Across the Spectrum”, fez um documentário autobiográfico e um vídeo Ted Talk que foi visto milhões de vezes!

Grandin afirma que, mesmo se uma cura para o autismo fosse encontrada, ela escolheria ficar do jeito que está!

Seja atípico, seja neurotípico: Temple Grandin é uma inspiração para todos nós.

Deixamos aqui nosso agradecimento à seguidora Marina, que deu o livro “The Autistic Brain: Thinking Across the Spectrum” à nossa equipe: muito conteúdo legal vai chegar por aqui! Fique ligado!

 

Machine Learning, Movimento dos olhos e diagnóstico de TEA

 


Artigo original: “Computer Vision Tools for Low-Cost and Noninvasive Measurement of Autism-Related Behaviors in Infants”

 Autores: Jordan Hashemi,1 Mariano Tepper,1 Thiago Vallin Spina,2 Amy Esler,3 Vassilios Morellas,4 Nikolaos Papanikolopoulos,4 Helen Egger,5 Geraldine Dawson,6 and Guillermo Sapiro7


1 Department of Electrical and Computer Engineering, Duke University, Durham, NC 27708, USA

2 Institute of Computing, University of Campinas, 13083 Campinas, SP, Brazil

3 Department of Pediatrics, University of Minnesota, Minneapolis, MN 55455, USA

4 Department of Computer Science and Engineering, University of Minnesota, Minneapolis, MN 55455, USA

5 Department of Psychiatry and Behavioral Sciences, Duke University, Durham, NC 22708, USA

6 Department of Psychiatry and Behavioral Sciences and School of Medicine, Duke University, Durham, NC 27708, USA

7 Department of Electrical and Computer Engineering, Department of Computer Science, and Department of Biomedical Engineering, Duke University, Durham, NC 27708, USA

Received 19 November 2013; Revised 30 April 2014; Accepted 13 May 2014; Published 22 June 2014

Academic Editor: Herbert Roeyers

Copyright © 2014 Jordan Hashemi et al.

LINK: https://downloads.hindawi.com/journals/aurt/2014/935686.pdf

O estudo contou com 29 crianças autistas e 29 crianças neurotípicas.

O objetivo dessa pesquisa é identificar o autismo por meio da análise do tempo e da forma que uma criança observa um objeto utilizado a tecnologia do Machine Learning aliada à análise de um psicólogo examinador especialista, um psiquiatra de crianças adolescentes e dois estudantes de psicologia.

A tecnologia do Machine learning identificava inicialmente o olho esquerdo, nariz e orelha esquerda das crianças, e acompanhava por meio deles os movimentos de sua face. Em casos de falha, eram identificados ambos os olhos, a orelha esquerda e o nariz.

Inicialmente, eram apresentados brinquedos chamativos e chocalhos para atrair a atenção da criança, e depois ele era posicionado na linha dos olhos da criança, e levado de um lado para o outro. Avaliou-se o tempo que a criança demorava para começar a acompanhar o movimento do objeto com os olhos por meio dos movimentos de sua cabeça.

Esse tempo era categorizado em “passed” (1s), “delayed” (1s a 2s) e “stuck” (mais de 2s). Notou-se que as crianças autistas demoravam mais para começar a acompanhar o movimento do brinquedo com os olhos.  

Depois disso, foi apresentado à criança um segundo objeto, e avaliou-se o tempo levado para a troca de foco no olhar, do chocalho para o segundo objeto.

0,7 segundos eram considerados “normais”, 1,3 segundos ou mais eram considerados um atraso.

Esse estudo possibilitou a previsão do autismo nas crianças com 88,51% de certeza.

 Destacou-se também o menor contato visual das crianças autistas com os olhos dos rostos apresentados.

Caso essa pesquisa fosse reavaliada em diferentes países e com um maior número de crianças, ela poderia ser considerada um meio confiável e pouco trabalhoso para a identificação do autismo, facilitando assim o diagnóstico precoce da condição.

Lei Romeo Mion (Lei 13.977/2020)

 Artigo original: Lei Romeo Mion cria carteira para pessoas com transtorno do espectro autista

Autores: Agência Senado

Revista de Publicação: Senado Notícias



A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea) foi criada pela Lei 13.977/2020, também conhecida como Lei Romeo Mion, em homenagem a Romeo, filho do apresentador Marcos Mion e portador do TEA.

Essa lei foi proposta pela deputada federal Rejane Dias e foi aprovada em 11 de dezembro de 2020, e altera a Lei Berenice Piana (12.764/2012), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

A Ciptea garante a prioridade do autista nas áreas de saúde, educação e assistência social, e será expedida mediante requerimento acompanhado de relatório médico.

A lei Romeo Mion propunha a obrigatoriedade de uma sessão mental destina exclusivamente a pessoas portadoras do TEA, que foi vetada pelo Congresso.

No requerimento, deve constar nome completo, filiação, local e data de nascimento, número da carteira de identidade, número de CPF, tipo sanguíneo, endereço residencial e telefone, além de foto 3x4, assinatura ou impressão digital do interessado. A lei também exige nome completo, documento de identificação, endereço residencial, telefone e e-mail do responsável legal ou do cuidador.

A Ciptea terá validade de cinco anos, mas a família deve manter atualizados os dados cadastrais do identificado. Sempre que a carteira for renovada, o número de identificação deve ser mantido, para permitir a contagem das pessoas com transtorno do espectro autista em todo o território nacional.” Fonte: Agência Senado

 reprodução: Tweeter Jair Bolsonaro
reprodução: Instagram Marcos Mion


Autismo em meninas

 Artigo Original: Why Many Autistic Girls Are Overlooked

Autores: Beth Arky, Wendy Nash, melissa, Susan Epsein

https://childmind.org/article/autistic-girls-overlooked-undiagnosed-autism/

É de conhecimento geral que há mais meninos autistas do que meninas autistas. A pergunta que os cientistas hoje fazem é: será que o diagnóstico das meninas está feito inadequadamente ou o TEA afeta menos as mulheres?

Melissa, mãe de uma menina e um menino autistas, conta sua história: minha filha tinha sintomas claros desde seu 1 ano e meio de idade (atraso no desenvolvimento da linguagem, crises intensas, girar em círculos, alinhas os brinquedos em fila (etc.), mas só foi diagnosticada como autista aos 6 anos, depois de ser avaliada por diversos profissionais. Já seu filho, que tinha sintomas bem menos aparentes, foi imediatamente diagnosticado como autista pelo primeiro especialista que o atendeu.

 “Um dos pediatras que atendeu minha filha disse que não acreditava no autismo em meninas. Ele ficou tentando justificar os comportamentos dela, falando que ela não poderia estar no espectro. Uma hora, ele disse até que os atrasos na fala dela eram por conta de baixa autoestima! Nenhum médico disse esse tipo de coisa sobre meu filho.”, conta Melissa.

O diagnóstico do autismo é feito pela análise de dificuldades na comunicação, comportamentos repetitivos e algumas complicações sensoriais. No entanto, de acordo com a neuropsicóloga Susan Epstein, PhD, esses sintomas são comuns essencialmente em meninos autistas, enquanto as meninas autistas apresentam outros comportamentos que devem ser avaliados para o diagnóstico. Por conta dessa diferença de sintomas, muitas meninas autistas são erroneamente diagnosticadas.

“O reconhecimento do autismo não é uma tarefa simples para um olho que não está treinado. Além disso, como o espectro foi ampliado, tornou-se mais difícil para diagnosticar pessoas que estão dentro do espectro mas que são pouco afetadas pelo TEA”, afirma Susan.

A psiquiatra Wendy Nash afirma que é comum que meninas autistras controlem seus comportamentos quando estão em público, como fingir sorrisos, forçar contato visual e apresentar maiores habilidades sociais. Nesses casos o autismo é um diagnóstico muitas vezes descartado, já que elas não apresentam os sintomas comuns em meninos.

Susan complementa “As meninas autistas não diagnosticadas muitas vezes sentem como se fossem diferentes de suas colegas, mas mesmo assim tentam acompanhar o ritmo das outras garotas e imitar seus comportamentos. Elas conseguem prosseguir com essa “estratégia” até o ensino fundamental, mas em muitos momentos, no ensino médio, as diferenças se tornam um problema.”

“Muitas vezes, as meninas crescem sem diagnóstico e se perguntam o que há de errado com elas, o que pode acarretar no desenvolvimento de depressão, ansiedade e falta de auto estima. Elas se empenham em se encaixarem nos padrões neurotípicos de nossa sociedade, imitam comportamentos sem realmente entenderem o que eles significam, e isso pode ser realmente difícil a longo prazo.

A psiquiatra Wendy afirma que o autismo leve em meninas pode ser identificado principalmente pela tristeza e frustração decorrentes de dificuldades nas interações sociais. A depressão é comum nos autistas de grau leve, então muitas vezes eles buscam um profissional para tratar a depressão, e depois de alguma avaliação, descobrem que a causa desse sentimento é a dificuldade sociocomunicativa decorrente do autismo.

Além disso, a doutora Susan comenta sobre a importância do diagnóstico precoce para o início do tratamento logo na primeira infância, já que seus resultados são comprovados. Uma vez que a maioria das meninas é diagnosticada tardiamente, o tratamento na infância não é executado, o que torna difícil a construção de habilidade sociocomunicativas na adolescência e na idade adulta.

“As meninas que não são diagnosticadas durante os anos escolares perdem a oportunidade de receberem apoio adequado para o estudo de matérias que não são de seu interesse” afirma doutora Wendy.

Infelizmente, meninas autistas podem também sofrer bullying por serem “diferentes”. Susan afirma que a “inocência” causada pelo autismo pode ser um fator de risco já que pessoas mal intencionadas podem se aproveitar disso para praticarem bullying e até mesmo abusos sexuais. A mãe Melissa conta que sua filha foi assediada por um garoto, que, como desculpa, disse que não poderia ser punido pois também era deficiente.

“Uma das maiores qualidades de minha filha é sempre ver o bem em todos, até mesmo naqueles que são maldosos com ela. Por isso, muitos tentam tirar vantagem dela, fazer bullying e ela não reage.”

A doutora Wendy afirma que há uma área da psiquiatria que está desenvolvendo pesquisas sobre a diferença do autismo em meninos e meninas, bem como os diferentes tratamentos específicos para cada autista. Acima de tudo, as meninas autistas precisam ser identificadas, diagnosticadas, e isso requer uma sensibilidade maior dos pais, professores e especialistas.

 

Artes marciais como forma de tratamento do autismo

 

Artigo original: Mixedmartial arts training improves social skills and lessens problem behaviors inboys with Autism Spectrum Disorder

Revista de publicação: Science Direct

Autores: Janice N.Phung, Wendy A.Goldbergb


O objetivo desse estudo é avaliar a efetividade do uso de artes marciais no desenvolvimento de habilidades sociais e motoras em crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista.

As hipóteses levantadas antes da pesquisa pressupões duas conclusões:

1-     A melhora dos comportamentos sociais e motores das crianças que praticaram a atividade

2-     O desenvolvimento de comportamentos socialmente problemáticos após as aulas de artes marciais.

Essa pesquisa contou com a avaliação do comportamento de 34 crianças. Dentre elas, 14 meninos portadores do TEA que participaram de 26 sessões de aulas de artes marciais especificamente voltadas para crianças autistas e 20 crianças de um grupo controle (14 meninos e 6 meninas), que não foram submetidos à intervenção.

As análises dos comportamentos foram feitas majoritariamente pelos pais das crianças, e os pesquisadores eram notificados por meio de questionários on-line respondidos por esses pais durante a pesquisa.

Notou-se que o grupo de crianças que participou das 26 aulas de artes marciais apresentou melhoras notáveis no comportamento, validando a hipótese 1. Essa conclusão levou os pesquisadores a refletirem sobre os benefícios do exercício físico aliado ao exercício da comunicação e interação social entre crianças autistas.

Dentre as limitações dessa pesquisa, é necessário ressaltar a pequenez dos grupos analisados, com como o único gênero do grupo das artes marciais. Para conclusões mais certeiras, é necessária a repetição dessa pesquisa com crianças de outros países e situações socioeconômicas.

 

Biomarcadores no sangue como forma de diagnóstico do autismo

 

Blood biomarker discovery for autism spectrum disorder: A proteomic analysis.

 

Revista de publicação: Plos One

 

Autores: Laura Hewitson, Jeremy A. Mathews, Morgan Devlin, Claire Schutte, Jeon Lee, Dwight C. German

 

 

Essa pesquisa conta com o uso de Machine Learning para a análise de biomarcadores que podem auxiliar no diagnóstico precoce do autismo por meio de amostras de sangue.

Esse estudo avaliou 76 meninos autistas e 78 meninos neurotípicos, todos com a idade de 2 a 8 anos.

No total, mais de 1100 proteínas foram analisadas usando a plataforma SomaLogic, e notou-se que 9 proteínas apresentavam valores significantemente diferentes nos meninos portadores do TEA, e cada uma delas se correlacionava à intensidade de sintomas do autismo. Diante disso, essas proteínas foram classificadas como fatores biomarcadores do autismo.

“Acredito que, no futuro, o autismo será identificado a partir da análise de fatores biomarcadores no sangue da criança, o que possibilitará o diagnóstico e o tratamento precoce, fundamentais para a melhora dos sintomas do TEA, como aprendizado e comunicação”, diz um dos pesquisadores.

Vale lembrar que são necessários maiores estudos para a validação das dessas descobertas, como a análise desses fatores em meninas da mesma idade e a repetição do estudo em diferentes países e com crianças de diferentes classes sociais.

 

 

 

Análise do metabolismo dos indivíduos portadores de TEA

 

Artigo original: "Relação entre habito alimentar e síndrome do espectro autista"

Autora: Nádia Isaac da Silva

Revista de publicação: Livraria Digital da USP

Os estudos descreveram uma associação do autismo com diversas anormalidades fisiológicas entre elas, distúrbios relacionados ao metabolismo proteico.

A teoria do excesso de peptídeos opióides afirma que o consumo de glúten e caseína pode intensificar os comportamentos típicos da síndrome do espectro autista.

Outra hipótese é de que distúrbios do metabolismo da creatina também estão integrados à doença.

Os objetivos desse estudo foram: avaliar a variedade e a frequência de alimentos consumidos por autistas, bem como a adequação desse consumo; avaliar as alterações do metabolismo da creatina; desenvolver testes preliminares para determinar as condições mais adequadas para a identificação e possível quantificação dos peptídeos opioides derivados do glúten e da caseína por HPLC.

Para atingir esses objetivos foi elaborada uma anamnese nutricional, contendo questões sobre características das famílias dos autistas participantes, histórico pessoal de doenças, comportamento autista durante as refeições, e levantamento de hábito alimentar.

Segundo o método de avaliação CARS 64% dos autistas são casos graves. Em média 60,71% dos autistas apresentam sintomas gástricos, sendo o mais frequente a flatulência (39,90%). O registro sobre comportamento alimentar identificou que 50% dos autistas expressam o comportamento de comerem muito rápido e 46,43% consomem porções exageradas de alimentos.

Esse fato influência diretamente o hábito alimentar. A avaliação de adequação de consumo de nutrientes revelou que 57,14% têm o consumo de energia superior ao recomendado e baixo consumo de fibras, ácido ascórbico e cálcio.

As análises de concentração de creatinina revelaram que os valores são significativamente inferiores em crianças autistas e do grupo controle formado por parentes distantes e que são similares quando comparado com grupo formado por seus pais.

O resultado da análise da concentração da creatinina evidencia possível relação entre metabolismo da creatina e fatores genéticos, possibilitando a ligação com sintomas do autismo.

Vale ressaltar que, entre as limitações dessa pesquisa, destaca-se a pequenez do grupo analisado. Para conclusões mais efetivas, o estudo deve ser repetido em outros países com pessoas de diferentes classes socioeconômicas.

Oxitocina como tratamento de fobias sociais no TEA

 

Hormônio do amor amplia sociabilidade de autistas

Artigo original: Trust hormone may improve autism

Revista de Publicação: Science

Autores:  Evdokia Anagnostou

 

O hormônio ocitocina é popularmente conhecido como ‘’ Hormônio do amor ‘’, pois, além de exercer papel fundamental no corpo da mãe no pós-parto estimulando o amor pelo recém-nascido, essa substância é responsável por estimular a interação social nos mamíferos.

Além disso, foi comprovado que autistas possuem uma taxa média menor dessa substância no organismo, dessa forma, explica-se parcialmente também a dificuldade sociocomunicativa característica daqueles que apresentam esse espectro.

A equipe pesquisadora promoveu um estudo sobre a relação do hormônio e a sociabilidade do autista por meio da criação de um jogo. Os participantes analisados eram 13 adultos diagnosticados com Síndrome de Asperger.

No jogo computadorizado havia quatro caixas, indicando três jogadores virtuais e o participante. A brincadeira consistia em jogar a bola para um desses jogadores.

Para lançar a bola para outro jogador, o participante deveria clicar em uma das caixas. 

Cada caixa continua um tipo de jogador: alguns eram amigáveis, e lançavam a bola de volta ao participante, outro eram “egoístas”, e ficavam com a bola para si.

Cada voluntário jogou 2 vezes: uma sobre influência de um spray com o hormônio e outra após o uso de um spray placebo. Observou-se que o voluntário, quando com o placebo, clicava igualmente nas caixas dos personagens bons e dos os “egoístas”. Enquanto sob efeito do hormônio foi observado que o indivíduo brincava preferencialmente com os jogadores amigáveis.

Dessa forma, é possível concluir que o hormônio estimulou o indivíduo autista a agir conforme os preceitos sociais aceitos, como justiça e empatia, caracterizando um aprendizado social.

Além disso, observou-se também que, quando sob efeito da ocitocina, esses indivíduos eram mais aptos a manterem contato visual, algo que dificilmente ocorre em pessoas do espectro.

Portanto, em termos de aplicações terapêuticas, os estudos mostraram que abordar o autismo precocemente com tratamentos hormonais pode, em muitos, ajudar a amenizar as características antissociais típicas do espectro.

Vale ressaltar que as conclusões dessa pesquisa não são universais por conta da pequenez do grupo analisado. Para a obtenção de conclusões significativas, seria necessária a repetição do estudo em diversos países e com pessoas de variadas classes sociais.

O que é a TERAPIA ABA?

 

Artigo original: Is Applied Behavioral Analysis (ABA) Right for YourChild?  e Applied Behavior Analysis (ABA) 

Revistas de publicação: HealthLine e AutismSpeaks

Autores: Crystal Raypole

A terapia ABA (do inglês, Applied Behavioral Analysis) é uma terapia que permite a melhora da comunicação, interação social e habilidades gerais da criança autista por meio de estímulos e respostas positivas.

Inicialmente, o terapeuta irá perguntar sobre as habilidades e dificuldades da criança, e passarão algum tempo interagindo com ela, fazendo observações e avaliações. Pode ser que o terapeuta requisite uma visita em sua casa ou na escola da criança, para poder ver de perto o comportamento dela nas suas atividades diárias.

É importante ressaltar que o tratamento efetivo com o ABA é diferente para cada criança. Em alguns casos, o terapeuta irá implementar algumas estratégias da terapia na casa da família, além de sua execução em clínica.

Depois dessas anotações, o terapeuta irá elaborar um plano completo para a execução da terapia ABA para atender as necessidades específicas da criança e implementar objetivos diários, semanais e mensais para a melhora de suas dificuldades.

Na maioria dos casos, as crianças autistas que fazem a Terapia ABA apresentam as seguintes melhoras:

-mostram mais interesse nas pessoas a sua volta;

-comunicam-se fe forma mais efetiva;

-aprendem a perguntar verbalmente o que ela quer, de forma clara e específica;

-aumento do foco nas atividades escolares.

Nessa terapia, são usados os passos ABC como técnica para sua execução efetiva.

A-     Antecedente:

B-     Comportamento (Behavior)

C-    Consequência

Dessa forma, torna-se mais simples a análise do comportamento e da evolução da criança. Veja o seguinte exemplo:

Antecedente: Professora diz “é hora de guardar os brinquedos”

Comportamento: Criança grita “NÃO!”

Consequência: Professora toma o brinquedo da criança

Após a terapia, os resultados são:

Antecedente: Professora diz: “é hora de guardar os brinquedos”

Comportamento: Criança diz “professora, posso brincar mais 5 minutinhos?”

Consequência: Professora permite o prolongamento da brincadeira da criança.

A efetividade da Terapia ABA é cientificamente comprovada pelo US Surgeon General e pela American Psychological Association. Muitos estudos comprovam sua eficácia, qualidade e segurança para o desenvolvimento da criança autista, especialmente nos tratamentos intensivos, que levam 25 a 40 horas por semana durante um período de 1 a 3 anos.

Por fim, é imprescindível que tenhamos em mente que cada criança é diferente e tem necessidades e dificuldades particulares, portanto, a terapia deve ser personalizada para cada uma delas, e o tempo necessário para cumprir as metas é variável para cada criança.

Mulheres são menos suscetíveis ao TEA

 

Artigo Original: A HigherMutational Burden in Females Supports a “Female Protective Model” in Neurodevelopmental Disorders

 Revista de publicação: AJHD

Autores: Sébastien Jacquemont  Bradley P. Coe Micha Hersch Michael H. Duyzend Niklas Krumm Sven Bergmann Jacques S. Beckmann Jill A. Rosenfeld Evan E. Eichler

A comunidade científica acredita que os homens têm maior risco de desenvolver distúrbios do neurodesenvolvimento, como o autismo, em relação às mulheres, já que o número de homens autistas é significantemente maior. No entanto, as razões subjacentes desse fato ainda não são claras. Este é o primeiro estudo que demonstra de forma convincente uma diferença no nível molecular entre meninos e meninas encaminhados à clínica por conta de uma deficiência no neurodesenvolvimento.

Nesse estudo, foram analisadas amostras de DNA e conjuntos de dados de sequenciamento gênico de um grupo composto por cerca de 16.000 indivíduos que apresentavam tais distúrbios e outro grupo composto por cerca de 800 famílias afetadas especificamente pelo TEA.

 Os pesquisadores analisaram duas variações genéticas:

-variantes do número de cópias (CNVs), que são variações individuais no número de cópias de um determinado gene;

-variantes de nucleotídeo único (SNVs), que são variações na sequência de DNA que afetam um único nucleotídeo.

Eles descobriram que as mulheres com diagnóstico de distúrbio do neurodesenvolvimento ou TEA tinham um número maior de CNVs prejudiciais do que os homens com diagnóstico do mesmo distúrbio. Notou-se também que as mulheres com diagnóstico de TEA tinham um número maior de SNVs prejudiciais do que os homens com TEA. 

Essas descobertas sugerem que o cérebro feminino requer alterações genéticas mais extremas do que o cérebro masculino para produzir sintomas de TEA ou distúrbios do neurodesenvolvimento. 

Os resultados também desviam o foco do cromossomo X para a base genética do viés de gênero, sugerindo que a diferença de carga é ampla do genoma. No geral, concluiu-se que as mulheres são menos afetadas pelas mutações genéticas do que os homens.